Berliner Tageblatt - Câmara dos EUA aprova iniciativa sobre estratégia de defesa para 2026

Câmara dos EUA aprova iniciativa sobre estratégia de defesa para 2026
Câmara dos EUA aprova iniciativa sobre estratégia de defesa para 2026 / foto: © AFP

Câmara dos EUA aprova iniciativa sobre estratégia de defesa para 2026

A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou nesta quarta-feira (10) um projeto de lei sobre a estratégia de defesa do país para 2026, com várias cláusulas destinadas a manter a presença americana na Europa, na contramão de sinais recentes do presidente Donald Trump.

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A Lei de Autorização de Defesa Nacional (NDAA), texto votado anualmente pelo Congresso com certo consenso entre democratas e republicanos, define as áreas em que, segundo os legisladores, os Estados Unidos devem se concentrar no ano seguinte em matéria de defesa.

A versão de 2026, com mais de 3.000 páginas, prevê um orçamento global superior a 900 bilhões de dólares, um aumento de 5 bilhões em relação ao ano anterior.

Fruto de semanas de negociações entre os dois partidos, o texto foi aprovado na Câmara por 312 votos a 112, e segue agora para o Senado, que também deve aprová-lo antes do fim do ano.

Em comunicado, o presidente da Câmara, o republicano Mike Johnson, qualificou o texto como "a pedra angular do programa do presidente Trump de paz mediante a força". Ele destacou, em particular, um aumento de 3,8% na remuneração dos militares, o destacamento reforçado de militares para combater a imigração na fronteira com o México, o fortalecimento das defesas antimísseis e "a dissuasão frente à China no Indo-Pacífico".

- Ucrânia -

Johnson também destacou a economia prevista com uma redução de cerca de 7 bilhões de dólares em custos "supérfluos de burocracia no Pentágono", cortes de 1,6 bilhão em programas relacionados à luta contra o aquecimento global e a eliminação de iniciativas em favor da diversidade no valor de 40,5 milhões de dólares. No entanto, não mencionou outros elementos do texto menos populares entre os congressistas republicanos, como a ajuda à Ucrânia.

A NDAA prevê para 2026 cerca de US$ 400 milhões (R$ 2,2 bilhões) em compras por Washington de equipamentos militares americanos destinados a Kiev, com o objetivo de continuar combatendo a invasão russa.

Sob o comando do secretário Pete Hegseth, o Pentágono tenta redirecionar a estratégia de defesa dos Estados Unidos para a América Latina, com ataques no Mar do Caribe e no Oceano Pacífico contra embarcações de supostos narcotraficantes, em um contexto de tensão crescente com a Venezuela.

O projeto de lei, no entanto, prevê a manutenção da presença dos Estados Unidos em solo europeu. Ele impede o Pentágono de reduzir o número de soldados americanos destacados na Europa para menos de 76.000 sem uma justificativa ao Congresso.

- Otan -

A Câmara aprovou a iniciativa um dia depois de Trump atacar duramente a Europa, que, segundo ele, está "em decadência" devido a alguns dirigentes "estúpidos" e a uma política migratória excessivamente "politicamente correta".

Ele retomou assim, em termos mais incisivos, a "Estratégia de Segurança Nacional" de seu governo apresentada na semana passada, um documento que prevê o "desaparecimento da civilização" europeia.

Trump também ironizou nesta terça-feira a dependência europeia da proteção militar americana. "A OTAN me chama de papai", afirmou.

Diante da desconfiança em relação aos aliados tradicionais dos Estados Unidos, a NDAA de 2026 representa um contraponto por parte de congressistas, tanto republicanos quanto democratas, que desejam reafirmar a aliança militar do Atlântico Norte. Outros congressistas republicanos, de tendência isolacionista, denunciaram o projeto de lei.

"Financiar a ajuda ao exterior e as guerras é colocar os Estados Unidos em último lugar", criticou no X a congressista da direita radical Marjorie Taylor Greene, ao anunciar seu voto contra a NDAA.

J.Fankhauser--BTB