Berliner Tageblatt - Putin afirma que fim da guerra depende da Ucrânia e seus aliados ocidentais

Putin afirma que fim da guerra depende da Ucrânia e seus aliados ocidentais
Putin afirma que fim da guerra depende da Ucrânia e seus aliados ocidentais / foto: © AFP

Putin afirma que fim da guerra depende da Ucrânia e seus aliados ocidentais

O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou, nesta sexta-feira (19), que o fim da guerra depende de Kiev e de seus aliados ocidentais, negou a responsabilidade da Rússia na gênese do conflito e comemorou seus últimos avanços territoriais na vizinha Ucrânia.

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Essas afirmações foram feitas durante a grande coletiva de imprensa anual do líder russo em Moscou, enquanto os Estados Unidos e os europeus seguem se movimentando no plano diplomático para encontrar uma saída para o conflito, e permanece no ar a resolução da questão territorial.

"Nossas tropas avançam em toda a linha de contato" e "estou certo de que antes do fim do ano veremos novos êxitos", declarou Putin no evento, transmitido pela televisão.

As forças russas aceleraram neste ano suas conquistas na Ucrânia e controlam cerca de 19% do território, incluindo a península da Crimeia, anexada em 2014.

Segundo o presidente de 73 anos, "a bola está completamente no campo" de seus "rivais ocidentais, começando pela cabeça do regime de Kiev e seus patrocinadores europeus".

"Não nos consideramos responsáveis pela morte de pessoas, porque não fomos nós que começamos esta guerra", acrescentou.

O governante citou também a decisão da União Europeia (UE), em sua cúpula concluída na madrugada desta sexta em Bruxelas, de não recorrer aos ativos russos congelados no bloco para financiar um empréstimo de 90 bilhões de euros (582 bilhões de reais) à Ucrânia.

Mais de 200 bilhões de euros (1,3 trilhão de reais) do Banco Central russo estão nas mãos da sociedade bruxelense Euroclear. Putin disse que o uso desses fundos congelados teria sido "um assalto".

"E por que não podem fazer esse assalto? Porque as consequências poderiam ser graves para os ladrões", advertiu o presidente, que esta semana chamou os líderes europeus de "porquinhos" obcecados com a "queda" da Rússia.

De Varsóvia, onde está em visita nesta sexta, o mandatário ucraniano, Volodimir Zelensky, disse que, em caso de derrota para seu país, a Rússia atacará em seguida "e de maneira inevitável" a Polônia.

A Rússia não atacará ninguém "se nos tratarem com respeito e respeitarem nossos interesses", afirmou Putin em sua coletiva.

- A incógnita da questão territorial -

Como em anos anteriores, havia grande expectativa por suas declarações sobre diversos temas, como a ofensiva deflagrada na Ucrânia em fevereiro de 2022 ou suas relações com o presidente americano, Donald Trump, que tenta pôr fim ao conflito.

Por ora, não está claro o estado das negociações sobre a questão territorial.

Em novembro, veio a público uma proposta de Washington, redigida sem participação de Kiev nem dos europeus, que teria implicado a retirada da Ucrânia de toda a região oriental de Donetsk e o reconhecimento por parte dos Estados Unidos de Donetsk, Crimeia e Luhansk como russas.

O plano foi modificado em várias reuniões entre americanos e ucranianos, mas a questão territorial se mantém como um ponto de fricção.

Em setembro de 2022, a Rússia disse ter anexado oficialmente as regiões de Zaporizhzhia, Donetsk, Luhansk e Kherson, apesar de não ter controle militar total sobre elas.

- Preocupação com Ucrânia e economia -

O conflito da Ucrânia é uma das maiores preocupações dos russos. Segundo uma pesquisa do centro independente Levada, realizada em meados deste mês, 21% dos entrevistados querem que se pergunte nesta sexta-feira a Putin quando terminará a "operação militar especial".

"Se eu tivesse a possibilidade de fazer uma pergunta ao presidente, perguntaria 'Quando haverá paz para todos?'. Seria uma felicidade", disse Ana, uma pensionista moscovita de 65 anos, à AFP.

De acordo com esse instituto, declarado "agente estrangeiro" pelas autoridades, 16% dos entrevistados gostariam de saber quando melhorarão suas condições de vida, em uma Rússia que enfrentou uma elevada inflação de 6,6% em novembro e é alvo de inúmeras sanções econômicas ocidentais.

Ainda que a economia russa tenha resistido às sanções ocidentais contra os hidrocarbonetos, as dificuldades são sentidas na penúria da mão de obra e no custo proibitivo dos créditos bancários. Em paralelo, o Banco Central russo anunciou um corte de meio ponto, a 16%, na taxa básica de juros.

Depois de dois anos de crescimento impulsionado pelo esforço de guerra, a economia russa mostra sinais de cansaço. O Banco Central espera um crescimento do PIB entre 0,5% e 1% neste ano, ante 4,3% em 2024 e 4,1% em 2023.

B.Shevchenko--BTB