-
Austrália realiza primeiro funeral após ataque em Sydney
-
Presidente da Costa Rica evita novo processo que buscava sua destituição
-
Presidente do México critica declaração de Trump sobre fentanil
-
Filho de Rob Reiner enfrentará duas acusações de homicídio pelo assassinato dos pais
-
Médico que forneceu cetamina a Matthew Perry é condenado a prisão domiciliar
-
Ataques de guerrilha deixam ao menos 4 policiais mortos na Colômbia
-
Trump tem 'a personalidade de um alcoólatra', diz sua chefe de gabinete
-
Venezuela denuncia ao Conselho de Segurança 'roubo' de petróleo pelos EUA
-
Chelsea elimina time da 3ª divisão e vai à semifinal da Copa da Liga Inglesa
-
Kast apoia 'qualquer situação que acabe com ditadura' na Venezuela
-
Produções de Brasil e Argentina entram na pré-lista do Oscar
-
Neymar em 2025: gols importantes, lesões e futuro sempre em debate
-
Um 2025 de puro futebol que quebrou todos os paradigmas
-
Macron enfrenta pressão para adiar assinatura de acordo UE-Mercosul
-
Organização dos Jogos de Inverno enfrenta 'problema técnico' para produzir neve artificial
-
Fifa anuncia ingressos para Copa do Mundo de 2026 a US$ 60
-
Senadores dos EUA interrogam funcionários de Trump sobre ataques no Caribe e no Pacífico
-
Cruzeiro anuncia Tite como novo técnico
-
Parlamento francês suspende impopular reforma da Previdência de Macron
-
Adolescentes se tornam 'escravos' do narcotráfico na França
-
Dembélé e Bonmatí recebem prêmio The Best da Fifa
-
Milei recebe Kast em primeira viagem ao exterior do presidente eleito do Chile
-
UE flexibiliza proibição da venda de carros a gasolina e diesel a partir de 2035
-
Tênis masculino implementará nova regra contra o calor extremo
-
'Teremos armas para neutralizar o ataque do PSG', diz Filipe Luís
-
Irã nega exame médico independente à Nobel da Paz detida Narges Mohammadi
-
Marquinhos está recuperado para enfrentar o Flamengo, diz Luis Enrique
-
China imporá tarifas antidumping à carne suína da UE por 5 anos
-
Razões para acreditar, ou não, no Flamengo contra o PSG no Intercontinental
-
Após três anos de hegemonia, dúvidas e concorrência desafiam a OpenAI
-
Ex-presidente indultado por Trump nega planejar retorno a Honduras
-
Seca crítica ameaça abastecimento de água em São Paulo
-
Djokovic disputará ATP 250 de Adelaide antes do Aberto da Austrália
-
Presidente eleito do Chile chama Maduro de 'narcoditador'
-
Genro de Trump desiste de projeto de hotel em Belgrado
-
Mbappé vence ação judicial contra PSG por bônus e salários não pagos
-
Presidente da Costa Rica pode perder imunidade parlamentar
-
Desemprego nos EUA subiu para 4,6% em novembro, o nível mais alto desde 2021
-
Vitória de Kast no Chile amplia guinada à direita na América Latina
-
Motorista que atropelou torcedores do Liverpool é condenado a 21 anos de prisão
-
Parlamento Europeu aprova medidas para limitar impacto do acordo UE-Mercosul
-
Meninas quenianas continuam sofrendo mutilação genital anos após sua proibição
-
Síria celebra o 'herói' do ataque em praia australiana
-
Músicas criadas por IA se infiltram no repertório de artistas reais sem autorização
-
Trump processa BBC por US$ 10 bilhões e emissora promete apresentar defesa
-
UE busca flexibilizar proibição da venda de carros novos a gasolina e diesel a partir de 2035
-
Ataques americanos no Pacífico contra três embarcações deixam oito mortos
-
Perdas econômicas provocadas por catástrofes naturais registram queda de um terço em 2025
-
GP de Portugal retorna à Fórmula 1 em 2027 e 2028
-
Brigitte Macron diz que lamenta se feriu 'mulheres vítimas' com comentários sobre feministas
'Se reclamar, morre': pescadores ameaçados sucumbem ao narcotráfico no Equador
Diante de uma paisagem costeira cercada por edifícios de luxo, o balneário de Salinas, no sudoeste do Equador, esconde uma guerra que escapa aos turistas. As máfias inscreveram os pescadores no tráfico de drogas sob sua lei do silêncio e da bala.
“Se você reclamar, você morre”, disse à AFP um pescador de 35 anos que tem medo de se identificar por motivos de segurança. Ele trabalha no cais de Santa Rosa, localizado nesta cidade de 35 mil habitantes da província de Santa Elena.
A atmosfera no porto é de silêncio absoluto. Olhares de desconfiança aumentam a tensão. “Não podemos ficar aqui muito tempo”, avisa preocupado.
Tal como outros pescadores da costa do Pacífico equatoriano, ele estava preso num dilema perverso: transportar cocaína em troca de grandes somas de dinheiro ou morrer por se recusar a fazê-lo.
Salinas está localizada a 150 quilômetros a oeste de Guayaquil, principal porto comercial do país e epicentro de confrontos entre gangues que disputam rotas de tráfico de drogas para os Estados Unidos e a Europa.
A paz reinou no Equador até poucos anos atrás, mas hoje o país sangra, com registros de violência. Os homicídios passaram de 6 por 100 mil habitantes em 2018 para um recorde de 47 por 100 mil habitantes em 2023.
- Tráfico "artesanal" -
Ao contrário de Guayaquil, onde as drogas saem em toneladas em grandes contêineres, em Santa Elena o tráfico para o Oceano Pacífico é feito “de forma mais artesanal”, diz Glaeldys González, pesquisadora do Crisis Group para o Equador.
“Eles fazem isso usando barcos de pesca”, mas também embarcações maiores, semissubmersíveis “e até submarinos”, diz Boris Rodas, capitão da Marinha que comanda a área.
O crime organizado ameaça os pescadores em centenas de pequenas cidades que “são pontos de saída estratégicos” para o mar, segundo González.
Los Choneros, uma das maiores organizações do país, atua principalmente em Santa Elena, e outras bandas com menor influência na região como Los Lagartos, Los Tiguerones, Los Chone Killers e até Los Lobos.
- "Prata ou chumbo" -
“Nunca conhecemos quem nos contrata. Há intermediários e nunca conhecemos o patrão”, afirma o pescador.
Para eles, o transporte de cocaína representa um rendimento de cerca de 10.000 dólares por remessa (valor em cerca de 54 mil reais na cotação atual), um valor difícil de rejeitar onde prevalece a escassez.
O peixe já não é tão abundante como antes e os poucos lucros arrecadados se foram “nos custos de reparação dos barcos”, lamenta outro pescador, também sob anonimato.
Os traficantes de drogas se aproveitam dos moradores locais “principalmente por causa de seu conhecimento do mar” e das condições climáticas, explica González.
Mas esta dinâmica está longe de ser uma troca livre. “Essas pessoas e suas famílias estão ameaçadas” por atores armados, acrescenta a especialista, que adotou a expressão do falecido chefão do crime colombiano Pablo Escobar: “Prata ou chumbo”.
“Metade do dinheiro é entregue antes de partirmos e a outra metade quando voltamos ao porto com o trabalho feito”, diz o pescador do cais de Santa Rosa, embora reconheça que muitas vezes recebem apenas uma fração do que foi acordado. Reclamar pode significar a morte.
- Fogo cruzado -
“Há poucos dias mataram um homem que era pescador”, diz o marinheiro em voz baixa. Todo mundo sabe disso, mas ninguém quer falar sobre isso.
No mar, as gangues competem por rotas assim como em terra. Há poucos dias, um grupo de pescadores encontrou nas águas um corpo decapitado. “Quando (as gangues rivais) se encontram no mar, elas se enchem de chumbo”, diz ele.
Os pescadores também entram no fogo cruzado, acusados por alguma organização de colaborar com os seus adversários.
Em abril de 2023, em Esmeraldas (noroeste do Equador), cerca de trinta homens armados abriram fogo em um porto de pesca artesanal e mataram nove pessoas. O ataque sangrento foi registrado por câmeras de segurança.
Embora Noboa tenha declarado um conflito armado interno em janeiro e destacado militares nas ruas e nas prisões, a violência não diminui. Somente nos primeiros quatro meses do ano foram registrados cerca de 1.900 homicídios, ante 8.004 em todo o ano de 2023.
O.Bulka--BTB