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COI deseja reunir o mundo inteiro em Paris-2024, afirma Thomas Bach à AFP
Apesar dos conflitos e dos riscos de segurança, o Comitê Olímpico Internacional (COI) deseja reunir o "mundo inteiro", durante os Jogos de Paris-2024, após duas edições marcadas pela pandemia, explicou o presidente da entidade, Thomas Bach, em uma entrevista exclusiva à AFP.
Desde os Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang-2018, a elite do esporte encontrou arquibancadas vazias (nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020) ou sem a presença de público estrangeiro (nos Jogos de Inverno de Pequim-2022).
"Isto é extremamente importante porque o espírito olímpico vive no fato de que todo mundo se reúna e que os espectadores possam encorajar os atletas do mundo inteiro", ressaltou o dirigente alemão, entrevistado na sexta-feira na sede do COI em Lausanne.
Confiante na "abordagem muito meticulosa, muito profissional" das autoridades francesas, ele prometeu uma cerimônia de abertura "inesquecível para os atletas" no rio Sena em 26 de julho, um evento inédito no coração da capital francesa.
"Todo mundo está determinado a organizar esta cerimônia de abertura no Sena", destacou o presidente do COI, que não comentou os "planos B e C" evocados pelo presidente francês, Emmanuel Macron, em caso de ameaça de atentado, como uma cerimônia no Trocadéro ou no Stade de France.
- Sem a letra 'Z' nos pódios -
Da Ucrânia à Rússia, passando por Israel, Palestina e Afeganistão, o grande evento do olimpismo aspira reunir atletas de todas as nações, apesar das ameaças de boicote e de exclusão que dificultam a concretização do objetivo.
Apenas alguns russos e bielorrussos disputarão os Jogos de Paris, sem direito a hino ou bandeira, mas "celebramos a presença dos atletas individuais neutros que concordam com a missão pacífica dos Jogos Olímpicos", ou seja, que não apoiam publicamente a guerra russa na Ucrânia, disse Bach.
Se um atleta russo exibisse uma bandeira ou desenhasse uma letra 'Z', símbolo da invasão, "um procedimento disciplinar seria aberto", que poderia resultar "até na exclusão imediata dos Jogos", alertou o dirigente.
O COI reagiu rapidamente ao conflito ucraniano, excluindo os russos do esporte mundial durante mais de um ano.
Bach, no entanto, considera a situação entre Israel e Palestina "completamente diferente" e que não exige nenhuma sanção esportiva.
"Não há nenhuma violação da Carta Olímpica, nem por parte do comitê olímpico nacional israelense, nem por parte do CNO palestino", argumentou o alemão.
No caso da Ucrânia, no entanto, o comitê olímpico russo pôs sob seu controle as organizações esportivas de quatro regiões ucranianas ocupadas.
- Ao menos seis palestinos -
Thomas Bach, que recebeu na semana passada o presidente do Comitê Olímpico Palestino, Jibril Rajoub, prometeu recorrer aos "convites" olímpicos caso eles não consigam se classificar para os Jogos de Paris, para que de "seis a oito" atletas palestinos participem do evento, apesar do cenário destruição e do conflito em Gaza.
O dirigente de 70 anos também expressou confiança na possibilidade de ter uma delegação afegã mista. O COI optou por manter o diálogo com os talibãs que governam o país desde que permitam que os atletas treinem e disputem competições.
"Desde o primeiro dia fizemos todos os esforços", afirmou o presidente do COI, recordando a sua mobilização em 2021 para obter vistos humanitários – "em particular para os atletas, mas também para os funcionários que apoiavam a participação das mulheres no esporte afegão" - e para ajudar seus beneficiários a deixar o Afeganistão, "com a ajuda do Catar".
Questionado sobre os 23 nadadores chineses que testaram positivo em 2021 e não foram punidos, ele declarou ter "toda a confiança na Agência Mundial Antidoping" (Wada, na sigla em inglês), que aceitou a tese das autoridades chinesas de contaminação alimentar.
Para o dirigente do COI, "não há nenhuma razão" para os nadadores vinculados ao caso não participarem dos Jogos de Paris
- Prêmio para medalhistas -
Bach também estabeleceu uma distância da decisão inédita da 'World Athletics' (Federação Internacional de Atletismo) de pagar um prêmio aos medalhistas de ouro nos Jogos Olímpicos de 2024.
"As federações internacionais devem tratar todas as suas federações membros e os seus atletas com uma base igualitária", disse o alemão à AFP.
Sem desaprovar diretamente a decisão da principal entidade do atletismo, que causou polêmica no mundo olímpico ao anunciar sua decisão no início de abril, Bach considerou que "todos os pilares do movimento olímpico têm que desempenhar seu papel para apoiar os atletas".
O COI faz isso "distribuindo 90% de sua receita", em particular para as federações internacionais, que por sua vez "desenvolvem seu esporte e tentam reduzir a distância" entre as nações, "ajudando os atletas 'menos privilegiados' em um esforço de solidariedade", explicou.
Uma parte do mundo olímpico, em particular a Associação dos Comitês Olímpicos Nacionais da África (Acnoa) e a sua comissão de atletas, criticou a decisão da 'World Athletics' com base no argumento da solidariedade.
J.Fankhauser--BTB