Berliner Tageblatt - Hamas diz não haver 'grandes problemas' na nova proposta de trégua em Gaza

Hamas diz não haver 'grandes problemas' na nova proposta de trégua em Gaza
Hamas diz não haver 'grandes problemas' na nova proposta de trégua em Gaza / foto: © AFP

Hamas diz não haver 'grandes problemas' na nova proposta de trégua em Gaza

Um dirigente do Hamas afirmou, neste domingo (28), que o grupo islamista palestino não vê "grandes problemas" na mais recente proposta de Israel e Egito para um cessar-fogo na Faixa de Gaza, após quase sete meses de guerra.

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Uma delegação do movimento islamista viajará ao Egito na segunda-feira para entregar a resposta do grupo à contraproposta de Israel, informou o alto dirigente, que falou sob a condição do anonimato.

"O clima é positivo a menos que haja novos obstáculos israelenses. Não há grandes problemas nas observações e perguntas apresentadas pelo Hamas em relação ao conteúdo" da proposta, afirmou.

O governo israelense enfrenta pressões crescentes, internas e no exterior, para estabelecer um acordo que permita acabar com os bombardeios incessantes em Gaza, governada pelo movimento islamista palestino Hamas desde 2007.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, viajará novamente para Israel e Jordânia, anunciou a administração dos Estados Unidos, enquanto se intensificam os esforços diplomáticos para alcançar um cessar-fogo em Gaza.

Durante um telefonema neste domingo, o presidente americano, Joe Biden, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, "revisaram as negociações em curso para assegurar a libertação dos reféns juntamente com um cessar-fogo imediato em Gaza", destacou a Casa Branca.

Catar, Egito e Estados Unidos atuam como mediadores e tentam obter um novo cessar-fogo para o território estreito e devastado, onde quase toda a população está próxima de um cenário de fome, segundo a ONU.

O portal de notícias americano Axios informou, com base em dois funcionários de alto escalão do governo israelense, que a proposta mais recente do país inclui a vontade de debater o "restabelecimento de uma calma sustentável" em Gaza após a libertação de reféns.

Esta é a primeira vez em quase sete meses de guerra que as autoridades israelenses sugerem que estão abertas a discutir o fim da guerra, segundo o Axios.

Uma fonte do Hamas, que acompanha as negociações, declarou à AFP que o grupo estava "aberto a discutir a nova proposta de maneira positiva".

A fonte acrescentou que o grupo deseja "alcançar um acordo que garanta um cessar-fogo permanente, o retorno dos deslocados, um acordo aceitável para a troca [de prisioneiros] e o fim do cerco" em Gaza.

- Um 'fracasso total' -

Os países que desejam o anúncio de um acordo participaram neste domingo de uma reunião do Fórum Econômico Mundial na Arábia Saudita, onde o ministro das Relações Exteriores do país-sede, o príncipe Faisal bin Farhan, afirmou que a comunidade internacional falhou por não conseguir uma solução para Gaza.

"A situação em Gaza é obviamente uma catástrofe em todos os sentidos: humanitária, mas também um fracasso total do sistema político existente para enfrentar esta crise", disse.

"Apenas um caminho confiável e irreversível na direção de um Estado palestino evitará que o mundo enfrente esta mesma situação dentro de dois, três ou quatro anos", acrescentou.

O governo de Benjamin Netanyahu rejeita os apelos para a criação de um Estado palestino.

Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, a organização que administra parcialmente a Cisjordânia ocupada, fez um apelo ao governo dos Estados Unidos para impedir Israel de invadir Rafah, no sul de Gaza.

Quase 1,5 milhão de pessoas, a maioria deslocadas pela guerra, estão aglomeradas na cidade de fronteira com o Egito, onde uma operação militar israelense seria "o maior desastre na história do povo palestino", afirmou Abbas.

Israel afirma que quatro batalhões do Hamas atuam na cidade e que a guerra não acabará até que o país consiga extirpar o movimento islamista, considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.

- Bombardeios ao longo do território -

A ofensiva de represália de Israel deixou mais de 34.450 mortos, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza.

As autoridades israelenses calculam que 129 reféns permanecem em cativeiro em Gaza, incluindo 34 que morreram durante a guerra. A trégua de novembro permitiu a troca de 80 reféns por 240 prisioneiros palestinos.

O grupo islamista divulgou no sábado um vídeo em que dois reféns pedem ao governo israelense para negociar um acordo que permita sua libertação.

"A situação é desagradável, difícil e há muitas bombas", afirma na gravação Omri Miran, de 47 anos.

O Ministério da Saúde de Gaza informou que pelo menos 66 pessoas morreram nos bombardeios israelenses contra o território nas últimas 24 horas.

Os ataques atingiram as cidades de Khan Yunis e Rafah, no sul, assim como a Cidade de Gaza, no norte.

No centro de Gaza, Mohammed al Hattab encontrou o filho de apenas um ano entre os escombros, após um bombardeio israelense contra o campo de refugiados de Nuseirat.

A Casa Branca anunciou neste domingo que uma doca construída pelos Estados Unidos entrará em operação em algumas semanas para aumentar o envio de ajuda para Gaza.

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L.Dubois--BTB